A Paz... Gosto mais dela dentro ou fora de mim?

de Vera Ferreira em December 13, 2023

Estimados leitores!

Chegamos àquela altura do ano que tem mais clichés do que qualquer outra.

Não me interpretem mal... Adoro o Natal, mas confesso que continuo a adorá-lo porque tive a capacidade de fazer escolhas conscientes ao longo dos últimos anos.

O Natal é supostamente a época da família, da união, da fraternidade e da partilha.

Tantas e tantas pessoas sentem-se encher de esperança nesta altura do ano para 2 ou 3 dias depois do Natal sentirem como se tivessem que fazer um esforço para renovar as esperanças num novo ano melhor e mais próspero.

Então... que esperança é essa que esmorece depois das reuniões familiares? Que esperança é essa que parece difícil de manter depois das refeições em família e dos supostos encontros cheios de abraços e dos sorrisos envoltos em palavras de amor?

Conheço tantas e tantas pessoas que não se sentem capazes de assumir para si mesmas que no meio das fartas refeições de Natal e dos doces a perder de vista, procuram todos os anos pelas mesmas migalhas de amor que parece que são as primeiras a desaparecer...

Todos os anos, milhares e milhares de famílias se juntam pelo mundo fora com o propósito de reunir à mesma mesa a família que durante o resto do ano faz de tudo para evitar este tipo de encontros... mas então... é Natal... e portanto não há como fugir.... pois não?

Gostava de vos dizer da minha experiência enquanto psicóloga, coach, hipnoterapeuta e ser humano com um imenso apelo pela espiritualidade que na maioria dos casos estas pessoas que se esforçam por estar nas mesas de Natal com familiares e amigos com quem têm muitas vezes atritos e questões mal resolvidas fazem-no de coração aberto e acreditam mesmo que a experiência pode correr bem se fizerem um esforço para fazer de conta alguma coisa.

Seja um fazer de conta que concordam com as opiniões dos outros ou um fazer de conta que não lhes dói a forma como são tratados ou ainda fazer de conta que está tudo bem e que não há assuntos por resolver, por conversar, por apaziguar no coração.

Novamente... não me interpretem mal... Não quero com isto desencorajar ninguém desta fé de que o amor pode prevalecer, mas gostava de vos convidar a refletir sobre alguns pontos:

1 – Quantas vezes tivemos já a melhor das intenções dizendo que NÂO a nós mesmo e que SIM aos outros mas depois apenas ficou uma sensação de profunda frustração?

2 – Do que andamos afinal à procura? Porque será que fazemos e dizemos aquilo que achamos que os outros querem ouvir?

3 – O que é tão difícil de encarar que preferimos fugir?

É Natal... as ruas enchem-se de luzes, de cores, de músicas e os nossos corações enchem-se de uma esperança inabalável em dias melhores, subitamente lembramos aqueles que passam necessidades e vamos tentar ajudar. Enchemos os olhos de lágrimas na emoção das partilhas e das manifestações de amor e agradecemos a Deus a dádiva da vida... e tudo... por 24, 48... talvez 72 horas...

Talvez este ano possas fazer algo diferente, refletir sobre os pontos atrás, responder da forma mais honesta possível a ti próprio e depois... ter a coragem de assumir as emoções que carregas no teu peito 365 dias por ano.

Não te estou a dizer para fugires da suposta paz do Natal, pelo contrário, estou a sugerir que ponderes viver a verdadeira PAZ sem fugas ou medos de falar sobre o que é preciso falar, trazer à luz o que tem andado escondido e enfrentar o que for para te assumires como és. 

Eu sei que não é um trabalho fácil, acredita que sei por experiência própria que enfrentar os gigantes dentro de nós é muito desafiante e assustador... mas é precisamente por saber do que falo que te digo: Tudo aquilo que guardas dentro de ti com o objetivo de manter a paz fora de ti, destrói-te.

Também sei que tens medo de perturbar os outros e que preferes perturbar-te a ti mesmo, mas lembra-te que assim estás até a privar esses outros de ter oportunidade de te conhecer um pouco melhor. E talvez eles até gostassem! Não será essa a melhor de todas as esperanças a manteres dentro do teu coração?

 Qual é a paz que vais escolher? Aquela que parece existir fora de ti ou aquela que possa viver no teu coração?

Quanto a mim, escolho a que vive no meu coração... mesmo depois de ter percebido que algumas pessoas não gostam que seja assim e tenham decidido afastar-se. Mesmo que me doa e que eu saiba que vai continuar a doer...

Desisti de procurar no meio dos doces as migalhas de amor que eu achava que precisava e resolvi render-me ao amor que me alimenta a alma... o próprio!

Faz as tuas escolhas em consciência e escolhe bem!

Desejo-te do fundo do meu coração um Natal verdadeiramente feliz!

Vera

1 comenta
de Isabel Rute Pereira Barreira em December 17, 2023

Gostei muito da reflexão. É uma verdade!

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